sexta-feira, 19 de julho de 2013

Microfone óptico ouve com luz

Eletrônica

Microfone óptico ouve com luz

Microfone óptico ouve com luz
Esta é a parte do microfone fabricada em uma pastilha de silício. O laser é montado na parte inferior. [Imagem: Matthieu Lacolle]
Os microfones não parecem estar apenas dando alguns passos: eles parecem estar passando por um verdadeiro renascimento.
Depois de usar microfones para mapear salas, e eventualmente espionar você, cientistas agora deram "poderes ópticos" aos microfones.
Além de ficarem hipersensíveis ao som, a incorporação da tecnologia óptica deu um senso de direção aos microfones.
"Pense nos equipamentos de videoconferência tradicionais. Várias pessoas estão sentadas em torno da mesa, mas o microfone foi colocado de tal forma que sua recepção do som fica abaixo do ideal. Com a nova tecnologia, um microfone será capaz de 'ver' de onde o som vem, pegar a voz da pessoa que está falando, e filtrar as outras fontes de ruído na sala," explica Matthieu Lacolle, do instituto Sintef, na Noruega.
Microfone que ouve com luz
Em termos simples, um microfone é composto de uma membrana que vibra quando é atingida pelas ondas de som.
No novo "microfone óptico", há uma uma superfície de referência que fica atrás da membrana, e o som é registrado medindo a distância entre as duas.
"Nós fazemos isso medindo ondas de luz de um laser microscópico. Então nós podemos dizer que o sensor desse microfone de fato vê o som," acrescenta Lacolle.
Usando o laser é possível medir movimentos muito pequenos, tornando o microfone sensível a sons muito fracos.
Uma membrana fina o suficiente deu a ele sensibilidade suficiente para detectar a direção dos sons. Para isso, os cientistas exploraram dois fenômenos ópticos - a interferência e a difração - para medir os movimentos da membrana com uma precisão inédita.
"Nós criamos ranhuras microestruturadas muito especiais sobre a superfície de referência, que está situada abaixo da membrana do microfone. Quando o laser ilumina essas microestruturas, podemos ler a direção na qual a luz é refletida por meio de fotodetectores, que transformam a luz em sinais elétricos," explica Lacolle.
Como tudo é fabricado com a mesma tecnologia usada para fazer chips de computador, o conjunto é muito pequeno e pode ser fabricado em larga escala, a baixo custo, superando em qualidade os mais caros equipamentos disponíveis hoje.
Além da detecção de sons de alta qualidade, o microfone óptico poderá ser usado em geofísica, para detecção de terremotos muito fracos, como sensor de pressão ou mesmo fazendo as vezes de giroscópios, acelerômetros e sensores de vibração.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Microfones 2.0 fazem mapeamento e localizam você

Microfones 2.0 fazem mapeamento e localizam você

Redação do Site Inovação Tecnológica - 25/06/2013
Microfones 2.0 fazem mapeamento e localizam você
As possibilidades oferecidas pela tecnologia de ecolocalização e mapeamento foram aferidas em ambientes complexos. [Imagem: EPFL]
 Microfones 2.0 fazem mapeamento e localizam você: Os microfones incorporaram tecnologias que lhes deram funções que vão muito além de gravar sons.
Os microfones deram um passo à frente, incorporando tecnologias que lhes deram funções que vão muito além de gravar sons.
Ivan Dokmani e seus colegas da Escola Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça, criaram um sistema de ecolocalização - similar ao usado por golfinhos e morcegos - capaz de medir uma sala com grande precisão.
Você continua podendo tirar boas medidas com uma trena, mas os microfones podem estar em qualquer lugar da sala, e você nem precisará sair do lugar para fazer as medições - bastará analisar as gravações.
"Cada microfone capta o som direto vindo a partir da fonte original, bem como os ecos chegando das várias paredes," explica Dokmanic.
"Em seguida, o algoritmo compara o sinal de cada microfone. As defasagens infinitesimais que aparecem nos sinais são usados para calcular não só a distância entre os microfones, mas também a distância de cada microfone para as paredes e a fonte de som," detalha o pesquisador.
Segundo ele, esta capacidade de "resolver" os vários ecos captados pelos microfones é algo inédito.
Analisando o sinal de cada eco, usando "matrizes de distância euclidianas", o sistema pode determinar se o eco está se refletindo pela primeira ou pela segunda vez, por exemplo, e determinar a "assinatura" original de cada uma das paredes.
Microfones espiões
As aplicações da tecnologia sem várias.
"Arquitetos poderão usar esta tecnologia para projetar salas - por exemplo, salas de espetáculo ou auditórios - baseados na acústica específica que eles desejam criar," acrescentou Dokmani.
Aplicações em ciência forense também estão no horizonte: com base em várias gravações feitas no mesmo local, as ondas de áudio podem fornecer informações sobre elementos na sala que não podem ser vistos nas imagens.
Na mesma área, analisando um telefonema de uma pessoa que está se movendo dentro de um ambiente pode permitir que os investigadores identifiquem de onde a pessoa está falando.
Finalmente, pode ser possível implementar este algoritmo em aparelhos móveis e usá-los para deduzir informações sobre a localização no interior de edifícios - um lugar onde os sinais de GPS não penetram bem.
"Já existem muitas aplicações, e prevemos muitas mais. Este é só o começo," concluiu Dokmani.
Bibliografia:

Acoustic echoes reveal room shape
Ivan Dokmani, Reza Parhizkar, Andreas Walther, Yue M. Lu, Martin Vetterli
Proceedings of the National Academy of Sciences
Vol.: Published online before print
DOI: 10.1073/pnas.1221464110

terça-feira, 11 de junho de 2013

Levitação faz cimento virar metal

Fonte : http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=levitacao-faz-cimento-virar-metal-semicondutor&id=010160130604

Levitação faz cimento virar metal

Com informações do ANL - 04/06/2013
Levitação faz cimento virar metal semicondutor
O levitador impede que o líquido quente toque em qualquer superfície, deixando-o totalmente livre para formar cristais. [Imagem: ANL]
Metal vítreo
Em um experimento que provavelmente deixaria os alquimistas medievais verdes de inveja, pesquisadores descobriram a fórmula para transformar cimento líquido em metal líquido.
A "mágica" transforma o cimento em um vidro metálico que é semicondutor, pronto para ser usado em filmes finos, revestimentos de proteção, telas e chips de computador.
"Este novo material tem muitas aplicações, incluindo resistores de película fina usados em telas de cristal líquido, basicamente o 'computador' da tela plana na qual você provavelmente está lendo isso agora," disse Chris Benmore, um físico do Laboratório Nacional Argonne, nos Estados Unidos, que trabalhou com uma equipe de cientistas do Japão, Finlândia e Alemanha para descobrir a receita da transformação de cimento em metal.
A descoberta também poderá ter usos em outras áreas, já que um material vítreo-metálico tem propriedades muito interessantes, incluindo melhor resistência àcorrosão do que o metal tradicional, menor fragilidade do que o vidro tradicional, condutividade, baixa perda de energia em campos magnéticos e fluidez, facilitando seu processamento e moldagem.
Captura de elétrons
Anteriormente, a transição para uma forma de vidro metálico só havia sido demonstrada a partir de metais.
O cimento fez o mesmo caminho através de um processo chamado de captura de elétrons, um fenômeno observado anteriormente apenas em soluções de amônia.
Entender como esse processo funciona abre a possibilidade de transformar outros sólidos, normalmente isolantes, em semicondutores a temperatura ambiente.
Levitação faz cimento virar metal semicondutor
Entender como esse processo funciona abre a possibilidade de transformar outros sólidos, normalmente isolantes, em semicondutores a temperatura ambiente. [Imagem: Akola et al./PNAS]
"Agora que sabemos as condições necessárias para criar elétrons aprisionados em materiais, nós poderemos desenvolver e testar outros materiais para descobrir se podemos fazê-los conduzir eletricidade dessa maneira." disse Benmore.
Levitador aerodinâmico
A equipe estudou a maienita, um componente do cimento de alumina formado por óxidos de cálcio e alumínio (CaO-Al2O3).
Eles fundiram a maienita a 2000º C usando um levitador aerodinâmico com dióxido de carbono. O material foi processado em diferentes atmosferas para controlar a forma como o oxigênio se liga no vidro resultante.
O levitador impede que o líquido quente toque em qualquer superfície, deixando-o totalmente livre para formar cristais.
Isso faz com que o líquido se resfrie em um estado vítreo, que pode prender os elétrons da maneira necessária para a condução eletrônica.
Bibliografia:

Network topology for the formation of solvated electrons in binary CaO-Al2O3 composition glasses
Jaakko Akola, Shinji Kohara, Koji Ohara, Akihiko Fujiwara, Yasuhiro Watanabe, Atsunobu Masuno, Takeshi Usuki, Takashi Kubo, Atsushi Nakahira, Kiyofumi Nitta, Tomoya Uruga, J. K. Richard Weber, Chris J. Benmore
Proceedings of the National Academy of Sciences
Vol.: Published online before print
DOI: 10.1073/pnas.1300908110

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Transístor orgânico ouve cérebro 10 vezes melhor


Transístor orgânico ouve cérebro 10 vezes melhor

Transístor orgânico ouve cérebro 10 vezes melhor
Os próprios transistores fazem a amplificação dos sinais neurais, enviando para fora do crânio um sinal muito mais forte e preciso. [Imagem: Khodagholy et al.]

Ouvindo o cérebro
Há poucos dias, pesquisadores apresentaram uma nova tecnologia que permitirá o uso de microLEDs injetáveis para manipular o cérebro com luz.
Agora, uma equipe francesa deu mais um passo rumo à superação dos eletrodos que hoje são espetados no cérebro para ler as atividades neurais ou induzir impulsos elétricos para tratar condições como a epilepsia.
Dion Khodagholy e seus colegas da Escola Superior de Minas de Gardanne criaram os primeiros transistores orgânicos capazes de amplificar e gravar os sinais diretamente do cérebro.
Usar um transístor em lugar de um eletrodo comum é um salto qualitativo sem precedentes.
Os sinais neurais são muito fracos, precisando ser amplificados para serem lidos e registrados pelos computadores ou equipamentos médicos.
Hoje, os eletrodos capturam o sinal e o levam até o lado de fora do crânio, onde são amplificados para serem analisados.
Um dos vários problemas dessa técnica é que a viagem de um sinal tão frágil através dos eletrodos e dos fios até o amplificador gera uma quantidade de ruído muito grande.
Amplificador cerebral
Agora, os próprios transistores poderão fazer a amplificação diretamente no interior do crânio, enviando para fora um sinal muito mais forte e preciso.
O sinal que chega ao equipamento é 10 vezes mais forte do que o sinal de um eletrodo comum.
Os transistores são biocompatíveis e flexíveis o suficiente para acompanhar as curvas do cérebro. Nos experimentos em animais, os cientistas não detectaram sinais de rejeição.
O Dr. George Malliaras, coordenador do estudo, afirma que a inovação deverá dar um novo impulso ao campo da bioeletrônica, que busca fazer o acoplamento entre a eletrônica e o mundo biológico, permitindo, por exemplo, o controle de próteses e outros equipamentos apenas com o pensamento.
Bibliografia:

In vivo recordings of brain activity using organic transistors
Dion Khodagholy, Thomas Doublet, Pascale Quilichini, Moshe Gurfinkel, Pierre Leleux, Antoine Ghestem, Esma Ismailova, Thierry Hervé, Sébastien Sanaur, Christophe Bernard, George G. Malliaras
Nature Communications
Vol.: 4, Article number: 1575
DOI: 10.1038/ncomms2573

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Nanoantenas criam pixel inteligente para TVs 3D holográficas

Nanoantenas criam pixel inteligente para TVs 3D holográficas

Pixel inteligente abre caminho para TVs 3D holográficas

Redação do Site Inovação Tecnológica - 17/01/2013
Nanoantenas criam pixel inteligente para TVs 3D holográficas
As emissões de cada nanoantena são controladas de forma que o padrão de interferência entre os feixes de luz produzam imagens complexas e móveis. [Imagem: Jie Sun]
Antenas de luz
Antenas têm sido usadas para transmitir ondas de rádio, TV e outras frequências há muito tempo.
Mas só recentemente a tecnologia permitiu usar o conceito de antena para a luz - que nada mais é do que radiação eletromagnética com um outro comprimento de onda.
Agora, uma equipe do MIT, nos Estados Unidos, construiu o primeiro conjunto integrado de antenas ópticas, capazes de gerar padrões precisos de luz.
As aplicações são inúmeras, incluindo técnicas avançadas de imageamento médico, capazes de captar detalhes do interior do corpo humano com maior precisão e resolução.
Mas a aplicação mais interessante dessas antenas ópticas integradas em um chip são as TVs 3D holográficas.
"Eu acredito que as telas holográficas 3D não só são possíveis agora, como também [acredito] que agora elas estão ao nosso alcance," disse o professor Michael Watts, coordenador da equipe.
Interferência de ondas
Antenas podem receber e transmitir ondas eletromagnéticas, e antenas ópticas poderão ser usadas para transmitir informações por luz no interior dos chips.
Mas o pesquisador Jie Sun estava interessado em criar uma forma de emitir luz de forma variável e ajustável - algo como uma luz de palco, que se movimenta para realçar pontos diferentes do espetáculo, só que em microescala.
O conceito envolve conectar múltiplas antenas alinhadas em fase para reforçar a emissão em uma dada direção, algo que é feito há muito tempo nos radares e nos radiotelescópios - neste caso, para melhorar a captação das ondas.
Enquanto as antenas dos radares e radiotelescópios são imensas, para trabalhar com a luz é necessário construir antenas com dimensões na faixa dos nanômetros, adequadas ao comprimento de onda óptico.
O grupo fabricou então o primeiro chip integrado para emissão seletiva de luz - um dispositivo conhecido tecnicamente como estrutura com controle de fase (phased arrays).
Nanoantenas criam pixel inteligente para TVs 3D holográficas
À esquerda o chip com milhares de antenas ópticas e, à direita, uma microantena individual. [Imagem: Jie Sun]
Pixel holográfico
Sun e seus colegas colocaram 4.096 antenas de luz dentro de um chip que mede 0,5 x 0,5 milímetro.
Cada antena equivale a um sistema de múltiplos pixels, mas com uma diferença crucial em relação aos pixels usados nas telas atuais: em vez de um sistema liga-desliga, as antenas interferem uma com as outras para gerar qualquer padrão de luz.
Controlando independentemente cada antena, torna-se possível fazer com que as ondas individuais se reforcem ou se cancelem, efetivamente movimentando a luz como se fosse um projetor.
Por assim dizer, um "pixel inteligente", capaz de produzir padrões de luz complexos, variáveis e móveis.
TVs 3D holográficas
O pixel holográfico poderá ser usado em qualquer aplicação onde seja necessário dirigir um feixe de luz, como nos radares de luz (LIDAR), no imageamento de tecidos biológicos ou na óptica adaptativa, uma técnica muito usada em astronomia.
"Entretanto, eu acho que a aplicação mais interessante para essas estruturas será nas TVs 3D holográficas," disse Watts, referindo-se a telas cujas imagens variem de acordo com o ângulo com que são olhadas.
"Isto porque nosso chip permite o controle independente da fase e da amplitude da onda de luz emitida, assim como a excitação individual dos emissores nanofotônicos, permitindo gerar hologramas verdadeiramente aleatórios, produzidos pela primeira vez por um único chip," conclui o cientista.
Para isso, contudo, será necessário construir um pixel inteligente na faixa da luz visível - o protótipo funcionou muito bem na faixa do infravermelho próximo.
Bibliografia:

Large-scale nanophotonic phased array
Jie Sun, Erman Timurdogan, Ami Yaacobi, Ehsan Shah Hosseini, Michael R. Watts
Nature
Vol.: 493, 195-199
DOI: 10.1038/nature11727